Já Passaram Quantos Anos, Perguntou Ele
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19SábadoJunho 2021
Teatro pela companhia Teatro das Beiras.
Classificação etária: M/ 16 anos.
Duração: 90 minutos.
Programação: Teatro da Terra.
Bilheteira
- Na Ticketline (reservas e informações 24 horas: 1820) e nos locais habituais.
- No balcão de informações da Biblioteca Municipal do Seixal, de terça a sexta-feira, das 10 às 19 horas, e sábados, das 14.30 às 19 horas.
- Na bilheteira do Auditório Municipal, que abre 1.30 horas antes de qualquer espetáculo e encerra 15 minutos após o seu o início.
Sinopse
«"Já passaram quantos anos desde a última vez que falámos, perguntou ele”, um texto que escrevi em 2011 para um espectáculo estreado no TEP – Teatro Experimental do Porto, é uma peça que gostava muito que fosse sobre a minha geração e sobre aquilo que nos tem acontecido. É sobre os nossos amores, casamentos, divórcios, as mudanças de casa, as partidas. Sobre o passar dos anos, sobre o entrar na vida adulta, sobre abandonar sonhos, sobre arranjar trabalho, sobre trabalhar, sobre andar apaixonado. Gostava que este texto fosse uma coisa sobre a vida em Portugal nas últimas décadas – mais ano menos ano. Um texto sobre amigos que vêem os amigos a crescer e a mudar. Um texto sobre a vida que fui vivendo, sobre a que me foram contando e sobre a que fui vendo. Em casa, no trabalho, nas ruas, nas manifestações, nos livros e nos jornais.
Passaram, entretanto, dez anos. E este é agora um texto para hoje. Para o que ainda nos vai acontecendo. E tem acontecido tanta coisa.
A peça é construída num diálogo próximo com um outro texto, estreado em Portugal em 1967, no Teatro Experimental do Porto: “O Tempo e a Ira”, de John Osborne, com encenação de Fernando Gusmão. As quatro personagens do meu texto (Jaime, Cláudio, Alice e Helena) são “projecções” (mais ou menos distorcidas) de quatro das personagens do texto de Osborne: do arquetípico jovem revoltado Jimmy Porter; do enigmático mediador afável Cliff; da frágil e estóica Alison, a filha do Coronel; e da intensa Helena Charles, actriz. Além disso, aquilo que “acontece” ao quarteto português é o mesmo que “aconteceu” ao quarteto britânico. Os amores e desamores são (mais ou menos) os mesmos. Os erros são (mais ou menos) os mesmos. A raiva é mais ou menos a mesma. Mas com uma diferença maior. Nos anos cinquenta, os Angry Young Men revoltavam-se contra todo um sistema de valores que declaravam obsoleto. Punham em questão as noções de Império, de masculinidade, de identidade, de futuro. A raiva era essencialmente uma questão geracional. “‘Look Back in Anger’ apresenta a juventude do pós-guerra tal como ela é […]. Todas as suas qualidades estão lá, qualidades que já não supúnhamos ver aparecer em palco – a deriva para a anarquia, um instintivo ideário de esquerda, a rejeição automática das atitudes ‘oficiais’, um sentido de humor surrealista, a promiscuidade casual, a sensação de que falta uma cruzada pela qual valha a pena lutar e, sublinhando tudo isto, a determinação de que ninguém deve morrer sem que se lhe faça o luto”, escrevia o influente crítico Kenneth Tynan, numa crítica entusiasmada titulada “A Voz dos Jovens” (Observer, 13 de Maio de 1956). E terminava a sua crítica com a apaixonada declaração: “Não sei se seria capaz de amar alguém que não queira ir ver ‘Look Back in Anger’. É a melhor peça jovem da sua geração”. Estava tudo dito.
Hoje as coisas são muito diferentes. Mas. A raiva do Jaime é diferente da raiva do Jimmy. A nossa raiva é confusa, dispersa, plural. Ou, pelo menos, a minha é assim. Se é que lhe posso chamar raiva. É pela promessa de liberdade que se esfumou. É uma raiva pela destruição das coisas verdadeiramente importantes – a paz, o pão, educação, saúde – banhada num mar de irrelevâncias, banalidades e futilidades. É a raiva da indignação. As coisas são hoje muito diferentes. Mas.»
Rui Pina Coelho
Ficha artística
Autor: Rui Pina Coelho | Encenação: Gil Salgueiro Nave | Cenografia, figurinos e cartaz: Luís Mouro | Desenho de luz: Fernando Sena e Pedro Bilou | Sonoplastia: Hâmbar de Sousa | Interpretação: Fernando Landeira, Sílvia Morais, Susana Gouveia e Tiago Moreira | Operação de luz e som: Hâmbar de Sousa | Assistência ao movimento: Inês Barros | Confeção de figurinos: Sofia Craveiro | Carpintaria: José Ferreira de Sousa | Produção: Celina Gonçalves | Fotografia e Vídeo: Ovelha Eléctric.
Regras de utilização do Auditório Municipal de acordo com as normas da Direção-Geral da Saúde
- É obrigatório o distanciamento físico de 2 metros no acesso ao auditório e às bilheteiras (a lotação da bilheteira é de 1 pessoa);
- É obrigatório o uso de máscara no auditório e a higienização das mãos à entrada e à saída do mesmo;
- A abertura de portas será feita 1 hora antes do espetáculo;
- Recomenda-se a chegada antecipada para evitar maior ajuntamento de pessoas;
- Os espetáculos têm início à hora marcada;
- A lotação é limitada em função do cumprimento das orientações da Direção-Geral da Saúde para os recintos de espetáculos e espaços culturais;
- Prevê-se a existência de lugares individuais e para coabitantes (2 lugares);
- Não existem lugares previamente marcados;
- A entrada no auditório e a indicação dos lugares serão acompanhadas por assistentes de sala. Os espetadores devem cumprir rigorosamente todas as instruções dos assistentes de sala e não poderão trocar de lugar ou deslocar-se sem motivo justificado;
- Durante o espetáculo o público deve permanecer no seu lugar. No final, deverá aguardar a indicação dos assistentes para se levantar e sair do auditório;
- Não será permitida a permanência de espetadores no interior do auditório após o final dos espetáculos;
- Nas instalações sanitárias apenas serão permitidas duas pessoas em simultâneo.
Bilheteira Online/Reservas (24 horas) 1820 (Ticketline)
Informações 915 635 090 (de segunda a sexta-feira, das 10 às 12 horas e das 14 às 17 horas) ou bilheteira.cultura@cm-seixal.pt