Injeção de hidrogénio verde na rede de gás natural no Seixal
Na terça-feira, dia 7 de março, realizou-se na zona industrial do Seixal, a primeira injeção de hidrogénio verde na rede de distribuição de gás no país e foi nos Serviços Operacionais da Câmara Municipal do Seixal.
Portugal deu um passo histórico no caminho da transição energética e da descarbonização da economia e esse passo foi dado no Seixal. O hidrogénio verde foi produzido pela Gestene, empresa do concelho e injetado na rede de gás natural da Floene.
Paulo Silva, presidente da Câmara Municipal do Seixal, foi o anfitrião do evento intitulado A Energia Natural do Hidrogénio, que recebeu a presença do primeiro-ministro, António Costa, e do ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro.
Projeto pioneiro
Na Estação de Mistura e Injeção (EMI), Paulo Silva, António Costa e Duarte Cordeiro abriram a válvula que marcou o momento de injeção do hidrogénio verde na rede de gás natural, ocupando 5 por cento do volume total de gás a circular na rede. Num horizonte de dois anos, espera-se aumentar a percentagem de injeção até aos 20 por cento.
O destino foram 82 consumidores domésticos e empresariais (70 habitacionais e 12 estabelecimentos comerciais e industriais) da zona industrial do Seixal. Um deles foi o edifício dos Serviços Operacionais da Câmara Municipal do Seixal, onde acenderam depois um fogão alimentado pela mistura de hidrogénio verde com gás natural, para demonstrar como este pode ser usado nos equipamentos domésticos comuns, depois de circular na rede de gás natural, sem que a infraestrutura tenha sofrido qualquer alteração.
Este é um projeto pioneiro de onde se espera retirar capacidade tecnológica e o conhecimento necessário para replicar o exemplo do Seixal noutras zonas do país.
António Costa destacou o papel do concelho do Seixal neste projeto, referindo-se ao município como «um excelente exemplo de dinamismo económico e social».
Como tudo começou
Quando estava no processo inicial da aquisição do equipamento para produzir hidrogénio, a Gestene inscreveu-se na Associação Portuguesa de Hidrogénio, e estabeleceu contactos até acabar por entrar em diálogo com a então Galp Gás Natural Distribuição que, em 2022, passou a chamar-se Floene, empresa que detém nove operadoras regionais de distribuição de gás em Portugal. O projeto, chamado Green Pipeline Project, foi lançado a 15 de outubro de 2021, e contou desde logo com a parceria da Câmara Municipal do Seixal.
A Floene considerou que o hidrogénio verde produzido localmente pela Gestene, no Parque Industrial do Seixal, recorrendo a energia renovável – energia solar durante o dia e energia verde da rede elétrica durante a noite – era ideal para o projeto-piloto.
Depois de produzido pela Gestene, o hidrogénio é armazenado no chamado «depósito pulmão», e percorre 1400 metros num gasoduto de polietileno, igual a cerca de 95% da rede de gás utilizada em Portugal, até uma estação, onde é misturado com gás natural, sendo depois distribuído aos consumidores.
Liberdade energética
O primeiro-ministro afirmou que é preciso uma estratégia clara e persistente de aposta no desenvolvimento do hidrogénio verde, considerando que pode colocar Portugal com liberdade energética enquanto país e na posição de exportador de gases renováveis. Neste processo, o ministro do Ambiente, Duarte Cordeiro, acredita que «os municípios vão ser determinantes».
Futuro mais sustentável
Paulo Silva falou sobre o Seixal On e os projetos que integra, que visam «melhorar a qualidade de vida dos cidadãos num município sustentável e dar continuidade ao procesos de redução de emissões de CO2».
Tendo em conta o trabalho realizado na área do ambiente, o Green Pipeline Project foi acolhido no município com «naturalidade e entusiasmo» e a autarquia tornou-se de imediato parceira da Gestene. O presidente da câmara alertou, no entanto, para a importância de os municípios serem incluídos nas entidades que podem candidatar-se a fundos do PRR – Plano de Recuperação e Resiliência para a produção de hidrogénio.
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