Ecomuseu Municipal lembra o namoro de antigamente

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14 Fev '21

Aproveitando a ocasião em que se comemora o Dia dos Namorados, este domingo, 14 de fevereiro, o Ecomuseu Municipal lembra como era o namoro antigamente e apresenta um testemunho e uma fotografia desses tempos idos, recolhidos através do Projeto Histórias & Memórias Fotográficas.

[Ver álbum] 

Os namoros começavam cedo, geralmente durante a juventude, iniciando-se em lugares que ambos frequentavam, quer fosse nas sociedades recreativas, na igreja, em estabelecimentos de ensino misto, ou no trabalho. Entre as ocasiões propícias para esse interconhecimento dos mais jovens destacavam-se os bailes das coletividades, que permitiam que rapazes e raparigas pudessem ter um contacto mais próximo enquanto dançavam, embora sempre controlados e vigiados à distância, quer pela família da rapariga, que costumava estar sempre presente, quer por elementos das próprias sociedades, que garantiam que se cumprissem as regras de conduta e bons costumes desses lugares, chamando à direção todos os cavalheiros que as desrespeitassem.

O pedido de namoro, surgia às escondidas, através de um bilhete ou de uma carta, sendo sempre dirigido pelo rapaz à rapariga, a qual podia responder-lhe de imediato ou o deixava simplesmente à espera de resposta. Foi o que fez a D. Elisabete Pinto, que escolheu a segunda opção, deixando o seu futuro marido sem resposta durante um ano.

O passo seguinte passava pelo rapaz ir pedir o consentimento para namorar ao pai da namorada, devendo o mesmo respeitar as regras que lhe fossem estipuladas, podendo ficar à janela, à porta, e numa fase mais avançada no interior da casa, sempre sob o olhar vigilante de pai ou da mãe. O primeiro beijo ocorria sempre de fugida, entre uma distração da família ali presente.

« Namorámos 5 anos, foi muito complicado, a minha mãe não me dava largas nenhumas, ela fazia crochet e nós ali... e eu tinha um medo dela que me pelava, tinha aquele respeito (...) Podia estar a chover potes, que ela não se levantava para ir apanhar a roupa. (...) Mas logo no primeiro dia que ele foi lá a casa ele deu-me um beijinho aqui [na ponta do nariz] eu já não levantei mais a cabeça com a vergonha e fiquei com uma cara, como sei lá o quê. Ainda me lembro do beijo roubado.» (Elisabete Pinto)

Com o namoro a ficar sério e firmado a rapariga começava a preparar o enxoval, e logo que havia vontade e recursos económicos que o permitissem, começava a planear-se o grande dia. Até lá eram raros os momentos em que o casal podia estar a sós, havendo sempre alguém entre os dois, normalmente a mãe, que impedia o contacto físico entre eles. 

Conheça mais sobre o projeto Histórias & Memórias Fotográficas e descubra esta e outras fotografias (Foto Dg.110571 – Foto de Armindo Fernandes Raimundo e Elisabete Pinto, enquanto eram namorados. Anos 50, séc. XX. EMS – CDI – Imagem cedida por Elisabete Pinto).

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