O percurso

A Rota Barcos do Tejo é uma viagem pelo património cultural, histórico e natural do concelho. Uma aventura que passa por moinhos centenários, quintas senhoriais, grandes unidades fabris, ofícios tradicionais e pela arte e arquitetura contemporâneas.

01 As embarcações tradicionais do estuário do Tejo

O estuário do Tejo foi, desde sempre, ponto de encontro de embarcações tradicionais que encontraram na Baía do Seixal um porto de abrigo, local onde repousavam para as reparações ou construções nos estaleiros, para a faina da pesca ou para o transporte de passageiros.

Outra função destas embarcações era o transporte de mercadorias e matérias-primas, como lenha para os fornos de pão de Lisboa, sal, vinho, areia, cortiça, açúcar, cereais e carvão, entre muitos outros produtos.

A frota fluvial era vasta e diversificada nos usos e especificidades. Cada estaleiro ou povoação tinha um estilo próprio de construção das embarcações, com moldes próprios, que respeitavam a técnica e o estilo do mestre carpinteiro naval, as especificações requeridas pelo armador, assim como as funções e áreas de operação da embarcação. Além disso, como o estuário do Tejo era caracterizado por condições diferenciadas de navegabilidade, as embarcações foram sendo alvo de adaptações técnicas e inovações. Foi o caso dos varinos, em que se utilizava fundo chato para possibilitar a navegação em águas pouco profundas, características das margens do arco ribeirinho sul.

02 Ponta dos Corvos

Entrando no porto de abrigo natural de 500 hectares que é a Baía do Seixal, vemos a praia da Ponta dos Corvos a estibordo. Um miradouro natural de onde se consegue ver Lisboa, no outro lado da margem.

Ali perto é possível encontrar vestígios das antigas secas de bacalhau e moinhos de maré, que possuíam cais para descarregar o cereal e carregar a farinha, com o recurso a barcos típicos e ancestrais, nomeadamente os barcos dos moinhos.

03 Moinho de Maré de Corroios

O sapal de Corroios e a sua diversidade de fauna e flora estuarinas são o cenário junto ao Moinho de Maré de Corroios. Dependendo das marés, é possível atracar e conhecer este elemento patrimonial. Este moinho foi construído em 1403 por iniciativa do Santo Condestável Nuno Álvares Pereira. Tinha um cais onde atracavam os barcos dos moinhos para trazer o cereal e levar a farinha. Assumiu um forte protagonismo no desenvolvimento da moagem industrial nos concelhos de Almada e Seixal, conservando-se em laboração até à década de 1980, recorrendo à energia das marés para moer cereal. O imóvel foi adquirido pela Câmara Municipal do Seixal, abrindo ao público em 1986 como núcleo museológico do Ecomuseu Municipal do Seixal.

04 Quintas senhoriais

Continuando a estibordo e tendo Lisboa a bombordo, encontram-se várias quintas senhoriais, como a Quinta da Princesa, que pertenceu à Casa de Bragança, a Quinta de Cheiraventos, que chegou a pertencer ao Infante D. Augusto, filho de D. Maria II, ou a Quinta da Atalaia, reconhecida desde o século XV pelo seu vinho, assim como pelos estaleiros onde surgiu a construção naval. Ali trabalharam carpinteiros de machado, calafates, serradores e ferreiros na construção de embarcações tradicionais.

05 Núcleo Naval

Chegando à margem de Arrentela, avista-se o Núcleo Naval, integrado no Ecomuseu Municipal do Seixal, e aberto ao público desde 1984 com uma exposição permanente e uma oficina de construção de miniaturas de barcos. Neste local funcionou um estaleiro naval artesanal até ao final da década de 70 do século XX.

06 Quinta da Fidalga

Rumo a norte, acompanhando as zonas ribeirinhas qualificadas, chega-se ao local onde outrora existiu o estaleiro da Quinta da Fidalga, onde eram construídos barcos para a nobreza e outros de maior porte para a marinha portuguesa. O estaleiro adotou o nome da quinta que lhe estava próxima, a Quinta da Fidalga, que constitui um dos mais importantes exemplos das quintas agrícolas e de recreio outrora existentes nesta região, com uma casa senhorial e os seus pomares de citrinos. Os seus jardins de buxo são dignos de destaque, conservando importantes painéis de azulejos e três fontes de embrechados. Adquirida pelo município do Seixal em 2001, é hoje um equipamento cultural que pode ser visitado e que acolhe no interior dos seus jardins a Oficina de Artes Manuel Cargaleiro.

07 Oficina de Artes Manuel Cargaleiro

A Oficina de Artes Manuel Cargaleiro, projeto arquitetónico da autoria de Siza Vieira, tem por objetivo promover a arte contemporânea, em particular a obra do mestre Manuel Cargaleiro, assim como as coleções da Fundação Manuel Cargaleiro, através da realização de exposições temporárias e do desenvolvimento de atividades educativas no âmbito da sua programação.

08 Núcleo da Mundet

Continuando o passeio rumo ao Seixal, um dos pontos de visita obrigatórios é a antiga fábrica de cortiça Mundet, uma das mais importantes indústrias corticeiras a nível mundial. Do seu cais partiram e chegaram várias embarcações tradicionais, como os varinos, fragatas e botes de fragata, quer para a entrega da matéria-prima, como para o envio do produto final em cortiça. Em 1988, a empresa foi encerrada e em 1996 foi adquirida pela Câmara Municipal do Seixal, que ali instalou um núcleo museológico do Ecomuseu Municipal do Seixal. O espaço da Mundet tem vindo a ganhar uma nova vida, com a instalação de várias atividades e projetos de revitalização, sendo exemplo o Parque Urbano do Seixal, situado na zona arborizada desta antiga unidade fabril e com um miradouro natural sobre o rio e a cidade de Lisboa.

09 Núcleo urbano antigo do Seixal

Contornando a reentrância da margem, encontramo-nos no núcleo urbano antigo do Seixal. A sua localização junto ao rio terá originado, numa primeira fase, um pequeno conjunto habitacional dividido por ruas estreitas de traçado irregular, na sua maioria paralelas à Baía, com características próprias de uma pequena comunidade piscatória. Numa segunda fase, o desenvolvimento de atividades comerciais relacionadas com os transportes fluviais terá implementado um novo traçado da rua principal. Finalmente, a instalação de unidades industriais na região rentabilizou a construção de edifícios de habitação que acentuam o carácter urbano do núcleo, patente nos revestimentos azulejares e nos ferros fundidos e forjados servindo de guarda-corpo às janelas de sacada sobre a rua. Está-se perante uma aglomerado urbano típico das zonas ribeirinhas do estuário do Tejo, com ligações profundas ao rio, e que tem vindo a conhecer um grande desenvolvimento económico, com a abertura de novos espaços comerciais, um forte investimento ao nível do espaço público e muitas atividades culturais e de animação.

10 Espaço Memória – Tipografia Popular

A Tipografia Popular A. Palaio, Lda. instalada no Seixal por Augusto Palaio, em 1955, é um dos vários exemplos dos equipamentos culturais existentes. O Espaço Memória – Tipografia Popular do Seixal é hoje uma extensão do Ecomuseu Municipal do Seixal. Neste espaço, são apresentados aos visitantes os métodos tradicionais de construção de tipos, o trabalho da composição manual e de impressão, através da apresentação de máquinas em funcionamento, representativas das várias fases de inovação tecnológica introduzida nas artes de impressão tipográfica.

11 Estação Náutica Baía do Seixal

A Estação Náutica Baía do Seixal tem contribuído para a valorização da Baía e para a atratividade do rio Tejo, e tem sido essencial na promoção do turismo e das atividades náuticas. Este equipamento está a atrair cada vez mais visitantes que recorrem ao conjunto de serviços oferecidos, como as excelentes condições de acostagem e de fundeadouro, rampa de alagem, serviço de marinheiro e de atendimento no cais de acostagem, é também o local onde se encontram acostadas as embarcações tradicionais da Câmara Municipal do Seixal.

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